Opinião: Marcos Leite | Peso ou idade?
Por Jornal Fórum
Publicado em 22/10/2025 05:39
Opinião

A natureza, além de divina, é sábia e matemática. Desde o momento em que nascemos, passamos a desenhar uma espécie de gráfico com duas variáveis: peso e idade. Quando somos miúdos, os pediatras até marcam esta evolução numa caderneta. Depois, quando alcançamos a idade adulta, passamos a controlar o tal índice de massa corporal, uma medida que considera o peso em relação à nossa altura. Mas quando se aproxima a velhice surge um novo controle: peso ou idade? 

Dizem as estatísticas que a estatura média de um português do sexo masculino é de um metro e setenta e dois centímetros. Se for realmente verdade, falta-me apenas um centímetro para que possa sentir-me um tuga, mas a contar pela barriga, ninguém nota a falta desse um centímetro. Eu até pensava que os portugueses eram mais baixos. Tomando como exemplo o tamanho das portas das casas das antigas aldeias, pode-se realmente acreditar nos estudos que apontaram um crescimento médio de catorze centímetros nos últimos cem anos. 

Foi-se o tempo da carestia. No passado, muita gente passou fome ou mesmo alimentou-se mal. É razoável acreditar que a falta de comida deu causa a problemas de estatura. Eram poucas as opções. Mas hoje há em demasia. O resultado disso é que, além de altura, ganhamos muito peso. Comparado ao passado, somos gordos, para ser sincero. Primeiro, porque ingerimos mais calorias do que necessitamos. Segundo, porque com a abundância e o fácil acesso, usamos a comida como forma de aliviar as tensões da vida quotidiana. 

Mas voltemos ao foco: peso e idade. Perdoem-me os físicos por não utilizar a medida certa. É que «peso», toda gente entende. Deviam eles mudar. Massa é nome de comida. Dá fome e redundância, porque comer massa aumenta o peso! Então… se pensarmos bem, é na velhice que a linha da idade se iguala a do peso. No meu caso, não consigo baixar dos oitenta quilos. Faltam-me ainda vinte e nove anos para que minhas linhas se cruzem. No entanto, se eu seguir a carregar este peso extra e desnecessário poderei comprometer a minha saúde. Eis uma boa razão para tentar reduzir o tamanho das roupas. Se perdesse sete ou oito quilos poderia dar-me por satisfeito. É só dez por cento! 

A matemática é simples. Quanto mais pesados formos, menos saúde teremos para atingir o ponto em que a nossa idade se iguala ao nosso peso. E como a vida é uma curva, que ascende no princípio e descende em seu término, como uma linha convexa num gráfico, é preciso manter os controles se um dia quisermos ter mais idade do que peso. Do contrário, perderemos, com certeza. Os velhotes magros vivem mais tempo! 

Voltemos então à média portuguesa. Se considerarmos a estatura média dos homens portugueses (no qual me incluo por tamanho e barriga), o peso saudável e ideal varia entre os sessenta e os setenta e oito quilos. Perfeito! Se observarmos a esperança de vida masculina, as estatísticas apontam para os setenta e oito, exatamente o peso máximo ideal. Setenta e oito anos de vida com setenta e oito quilos. Perfeito! Depois disso, tudo é lucro, se se estiver saudável. 

Tudo bem, se os números não falam por si ou se és um sujeito muito alto ou muito magro. Importante mesmo é levar uma vida saudável, amar ao próximo, fazer o bem, comer e beber com sabedoria e manter a saúde para que possamos chegar aos setenta e oito anos.  Até lá, um pouco de bom comportamento sempre ajuda. Por ora já basta. É hora do almoço! Um bom momento para um caldo verde. Mas e o pão? E o vinho?    

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