Opinião: Milene Nave | O Natal Moderno
Por Jornal Fórum
Publicado em 11/12/2025 08:00
Opinião

Estamos em dezembro onde o frio lembra a lareira, o chocolate quente, os jantares entre colegas e amigos e principalmente as reuniões familiares à mesa.

Esta época natalícia que incentiva à união e convívio entre as pessoas tem vindo a sofrer alterações com o passar dos anos, seja por questões monetárias ou devido às novas tecnologias que tornaram o Mundo um lugar individualista e competitivo.

Ao observar os comportamentos dos agregados familiares percebo uma distância emocional entre os diferentes membros, isto acontece porque as tecnologias ocuparam o papel central nas nossas vidas!

Um exemplo muito representativo disso são as típicas fotografias às refeições antes de degustar, o telemóvel está a “saborear” o prato antes mesmo de nós sabermos se gostamos, mostrar que estivemos naquele restaurante pela imagem, o estatuto e por mais uma vez seguirmos o efeito de manada que nos permite viver dentro da competição existente na nossa sociedade. Estes comportamentos são cada vez mais assustadores e afastam-nos dos Mundo Real, pois pensam que é uma perda de tempo estar pessoalmente com alguém porque já não estão habituados a tal.

“Perder” esse tempo em família é necessário para manter vínculos criando uma manutenção constante de afeto que depois se reflete num enorme amor. 

Nós já não estamos preocupados em viver, compartilhar, escutar histórias, mesmo que sejam secantes, acolher. O nosso foco prende-se em colocar a fotografia da mesa mais bonita nas redes sociais, ou, na aparência de família perfeita. Por mais que pareça uma realidade que não existe, o pior, é que é notório a falta de empatia entre as famílias e o pouco tempo para escutar em vez de ouvir.

As redes sociais vieram para ficar e a minha geração já não sabe viver sem elas, contudo estes novos meios trouxeram à tona o pior lado dos humanos, o sentimento de inveja e de competitividade, pois todos querem ser reconhecidos, serem os melhores e está tudo certo ao sonharem alto, mas na minha opinião acho que por vezes estes objetivos são levados a um extremo onde vale tudo para atingir esse fim, ainda que não valha!

Eu sou apologista de sonhar alto e de ser fora da caixa sem me deixar condicionar pelas convenções da sociedade moderna, ainda assim, existem valores e princípios que nunca devemos ultrapassar e devemos sempre assumir que existe alguém que é melhor que nós. É um trabalho difícil gerir essa emoção, no entanto, é necessária para nos manter os pés no chão, incentivar-nos à aprendizagem e levar-nos a ter uma ambição saudável.

Esta ambição vai muito além de um desejo, deve ser a vontade de marcar a diferença, identificarmo-nos com alguém pelos seus valores e sobretudo ter a vontade de aprender com alguém, seja familiares amigos, etc.

Os mais próximos por vezes são aqueles que incentivam a uma descoberta que vai muito para além de o número de seguidores que temos numa determinada rede social é um conhecimento interno que só é possível longe do “Mundo ideal”, por isso mesmo acho que deviam aproveitar este momento mágico para estarem à mesa, em vez de colocarem a fotografia bonita, darem uns lápis de cor aos mais novos em vez de um telemóvel, escutar as histórias mais hilariantes  e sobretudo manter uma conversa para além das mensagens de texto.

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