Há um momento, entre o fim de uma temporada e o início da próxima, em que o campo se cala, mas os bastidores gritam. O mercado de transferências não é, no futebol, uma altura de interrupção, mas sim um espetáculo à parte, e eu adoro esse espetáculo.
Para o adepto, estes meses são um pouco como um romance de verão. Acordam com a notícia que o seu jogador favorito pode vir a sair do clube, desiludidos, recordam os melhores momentos, os melhores golos, mas logo adormecem no mesmo dia com um novo nome nas manchetes, mais novo, promissor, capaz de ser o novo este ou o novo aquele. Ainda nem entrou em campo, nem jogou no campeonato a que ruma, mas no Youtube e restantes redes sociais, já é o rei das “edits” ou melhores momentos.
As redes sociais enchem-se de rumores, boatos, insights de especialistas de mercado. Os fãs começam a desiludir-se, a sonhar alto, a rir, sofrer, criticar. Quando chega a oficialização? Um grito preso há semanas. Um novo jogador é mais do que reforço, é um sinal de esperança, de renovação; uma nova venda, é sinal de um ciclo fechado.
A verdade é que no mercado de transferências, não há placar, apenas emoção. É ali, naquele vai-e-vem de nomes e valores, que o adepto ama não só o jogo, na sua essência e prática, mas tudo o que o rodeia. Porque mesmo sem a bola no relvado, o coração do futebol bate rápido.
As próximas semanas vão ser todas disto, das transferências, do rumor, das desilusões e alegrias dos adeptos. Já começam as novelas de Gyökeres, João Félix, os sonhos de Borja Sainz, Gabri Veiga, as despedidas de Carreras, de Kökçü.
Se é que já posso adiantar, aqueles que pior estão, vão fazer o melhor mercado. O FC Porto não vai, nem pode, poupar-se nos gastos. O Sporting terá que consolidar o já forte plantel e tentar substituir as peças importantíssimas que perderá e o Benfica, andará muito no mercado de jogadores quando deveria estar em torno de o de treinadores.
Mas hoje ainda não me meto mais que isto no mercado. Por agora, fico-me por observar, ouvir, especular e, claro, dar a informação no portal de que tanto me orgulho. Porque o futebol, mesmo fora das quatro linhas, continua a ser a paixão em estado puro.
Para lá das quatro linhas percebemos que os sonhos, no futebol, não hibernam, apenas mudam de camisola.
