No Notícias da Covilhã de 6 de novembro de 2025, pág. 2, lê-se na crónica do diretor:
“... Imigrantes ilegais?
O que é isso de ser ilegal?
Isso é naturalmente um preconceito...”
Quem diria! Para quem saiu do seu país legalmente, com contrato de trabalho e autorização de residência, estas palavras soam a um insulto à inteligência e ao esforço de quem cumpre regras.
O autor remata o texto com um conveniente esclarecimento:
“... isto não é uma notícia, é um artigo de opinião...”
Pois é. Há opiniões com sorte: têm um jornal à disposição para se fazerem ouvir semanalmente — sem que ninguém as peça, sem contraditório e sem se enquadrarem verdadeiramente na missão de um semanário regional.
Convém lembrar: o direito à informação não é o mesmo que o direito à opinião.
Mas quem é dono do jornal pode, de facto, chamar-lhe “meu jornal” e enchê-lo de juízos pessoais. É um direito que lhe assiste.
Não é ilegal.
Nem desumaniza ninguém.
Mas banaliza o sentido de “legal” e “ilegal”, confundindo ética com provocação.
Se “ilegal” é apenas um preconceito, então onde fica a ética? Onde fica a moral?
E sobretudo — para que serve a lei?
