Opinião: Manuela Cerdeira | “O Povo é Sereno, é Só Fumaça”
Por Jornal Fórum
Publicado em 29/10/2025 18:40 • Atualizado 30/10/2025 09:21
Opinião

Como todos bem se lembram, esta famosa expressão foi utilizada por Pinheiro de Azevedo, um Almirante da Marinha Portuguesa e um dos principais militares do movimento das forças armadas, o famoso MFA que derrubou a 25 de Abril de 1975 a ditadura do Estado Novo, esse regime autoritário implantado em 1933, por António de Oliveira Salazar.

Estávamos a 9 de novembro do ano de 1975 e Pinheiro de Azevedo, exercia nesta altura o cargo de Primeiro Ministro de Portugal e em resposta a tumultos civis em pleno Terreiro do Paço, fazia-se ouvir do alto de uma janela a referida frase, que ficou para a posteridade e que serviu essencialmente, para acalmar a população no grande comício, que ameaçava sair do controlo.

Viviam-se momentos de forte instabilidade social e política, onde existiam confrontos entre grupos de esquerda e de direita e este período, acabou por ficar conhecido como o” Verão Quente de 1975” e que culminou a 25 de novembro do mesmo ano, quando as forças armadas moderadas e lideradas por Ramalho Eanes, derrotavam as alas mais radicais de esquerda.

Hoje a fumaça é cada vez maior e o povo é cada vez mais sereno.

No rescaldo destas eleições autárquicas, em especial na cidade da Covilhã, concluí que este povo Covilhanense é mesmo muito sereno, pois conseguir dar uma vitória, a um partido que nos últimos doze anos, fez um não trabalho por estas bandas, obriga-me a concluir que ou são serenos de mais, ou não leem nem se informam minimamente, do trabalho levado a cabo por este partido, ou gostam que lhes comam as papas de carolo, uma sobremesa característica desta zona, bem no cimo da cabeça.

Posso ainda pensar, que temos uma população bem envelhecida e que foi desde o início da revolução dos cravos, habituada a votar no punho e interiorizaram isso de tal maneira, que não interessa se estes senhores do poder que representam esse famoso punho, fazem ou não serviço e se desenvolvem ou não a região, pois no fundo o que interessa, é manter o punho no poder, vá-se lá entender a mente humana.

Mas olhando para o cenário político atual, que perguntas se impõem:

Afinal de contas, que fez este executivo socialista durante doze anos de governação por estas bandas? Temos por acaso novas empresas na zona, para criar mais riqueza? A cidade evoluiu no apoio aos jovens e à terceira idade? A cidade está cuidada a nível de estradas e Jardins? Temos Infantários suficientes para os bebés que por aqui habitam? E como é o funcionamento dos transportes e dos estacionamentos? Existem estratégias para reter estudantes que saem da Universidade da Beira Interior? E como estamos a nível de resíduos e preservação da Serra da Estrela? E sobre atividades culturais, desportivas e de desenvolvimento infantil?

As questões são muitas, mas eu acho que em doze anos não se criou nada, não se cuidou de nada, nem a cidade evoluiu, mas não podemos deixar de mencionar uma bela obra, que por acaso já existia no passado e que foi requalificada e estou a falar do famoso Teatro Municipal e acreditem, este espaço faz muita falta aos Covilhanenses, para eles se divertirem e tirarem partido a cem por cento deste maravilhoso espaço, onde se gastaram alguns milhões de euros.

Mas parece-me que não é só o povo que gosta de ser enganado, algumas pessoas que se dizem eruditas da nossa praça, conseguem ficar contentes e felizes, pela família socialista ter obtido nova maioria e conseguem dizê-lo abertamente e até em direto, num dos programas da Rádio Fórum Covilhã mais ouvidos na zona, o famoso “Hora da Verdade” e dizer que daqui por um ano, estaremos cá para criticar o trabalho prometido se não for realizado.

Bem a pergunta que eu coloco, é saber se foi feito de fato, algum trabalho nestes últimos doze anos, pois foi tão criticado o contrato feito para a pasta da mobilidade e diga-se de passagem, que este famoso contrato não foi bom, foi péssimo e adivinhem lá quem fechou e negociou este maravilhoso contrato? aquele que agora vai ser empossado como Presidente da Câmara, ora se esta pessoa fechou um contrato tão ruinoso, não só para a câmara como para os Covilhanenses, como pode vir a governar os destinos desta cidade neve?

Ou será que ser socialista, lhe dá a capacidade de atuar mal no passado e agora vai atuar na perfeição, parece que temos todos de começar a acreditar de novo no Pai Natal, o certo é que a esta altura do campeonato, já se começaram a montar as bonitas luzes desta linda quadra, talvez para fazer a população esquecer os doze anos de atraso e da sua continuidade, que irá ter lugar nos próximos quatro anos e disso, eu não tenho qualquer dúvida, porque não se vislumbra nem competência, nem tão pouco mudança e como diria um amigo meu, vamos voltar ao principio, porque esta dúzia de anos não valeu e eu digo, que tudo isto é gozar com quem trabalha, uma vez que por aqueles locais o trabalho é escasso ou mesmo nenhum e é fácil analisar, basta passear pela cidade.

Temos uma cidade parada no tempo, sem qualquer tipo de evolução, sem qualquer tipo de preocupação com a própria população, com ruas cheias de buracos e sujas, jardins abandonados e desvalorizados, piscina municipal fechada, polo desportivo completamente degradado, elevadores avariados, mobilidade péssima com autocarros descomunais e sem o mínimo de condições, onde em alguns até chove lá dentro, que transitam muitas vezes vazios, porque não existiu uma preocupação de auscultar a população e estudar toda uma série de pontos necessários, para que os referidos transportes pudessem funcionar mais satisfatoriamente e não podemos esquecer, que o estacionamento que se paga, tanto em silo como na superfície, são já considerados dos mais caros do centro do país e até de certos locais em Lisboa e a par disso, continuamos com um silo fechado no centro da cidade e será que alguém sabe o porquê?

Ainda sobre a mobilidade, será que os Covilhanenses se esqueceram, que a 7 de julho de 2023, diversas pessoas se concentraram e acabaram por invadir o edifício da Câmara Municipal da Covilhã, para protestar contra as alterações dos serviços de transporte urbano do concelho? Ainda estão lembrados?

Mas à boa maneira socialista, a culpa é sempre dos outros, culparam o governo central, culparam a oposição e anunciaram que iriam suportar parte do aumento das tarifas, ora é como governar a olhar para uma manta de retalhos, que se vão tentando tapar os buracos, utilizando indevidamente os dinheiros públicos, para se tapar igualmente a incompetência, porque não se teve a capacidade de saber negociar um contrato, que se tornou num contrato completamente ruinoso.

Mas não podemos deixar de salientar ainda o papel muito importante da Rádio Fórum Covilhã, que conseguiu mesmo entrevistar sessenta e três candidatos a presidentes de juntas e seis candidatos à câmara, pois todos foram convidados a estar presentes na rádio e a ter oportunidade de expor as suas ideias, um trabalho que se fez de uma maneira isenta e imparcial, garantindo uma informação rigorosa e equilibrada e que conseguiu dar voz a todos os candidatos, que também se disponibilizaram a estar presentes, claro está com exceção de alguns candidatos de algumas aldeias, que lhes foi completamente impossível estarem presentes, mas de lamentar algumas ausências, que demonstraram essencialmente, carregar um orgulho como armadura e uma prepotência como bandeira.

Vivemos um tempo em que a confiança na política parece cada vez mais frágil.

Muitos são os cidadãos que sentem falta de políticos verdadeiramente sérios, preparados e comprometidos com o bem comum e aqui pela urbe, contam-se pelos dedos das mãos as pessoas sérias na política, mas ainda existem e o problema está quando se rodeiam de pessoas, cujo carácter é nulo e nestas eleições, eu consegui ver de tudo um pouco.

Hoje continuamos a assistir a discursos vazios, as promessas esquecidas e as decisões que parecem servir interesses pessoais, em vez de servir as regiões e principalmente as pessoas, que com os seus impostos acabam por pagar remunerações elevadas, a uma classe política local, com um comportamento estrategicamente calculado.

A política precisa de recuperar dignidade e isso só acontecerá quando a competência e a honestidade voltarem a ser critérios essenciais, para quem decide o futuro de todos nós e quando a política voltar a ser sinónimo de serviço, talvez volte também a esperança, mas não vai ser com socialistas ao leme e enquanto a Covilhã não entender isso, continuaremos a marcar passo e a ver outros concelhos ultrapassarem-nos em grande velocidade, enquanto por aqui continuaremos agarrados ao punho, à cunha e ao discurso do parecer bem, para que se possa conseguir um emprego público, que não dá riqueza à região e sim um aumento de impostos locais.

Quantos anos mais terão de passar, antes de esta região sentir, que o progresso também lhe pertence?

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