Opinião: António Lopes | Análise dos candidatos presidenciais – António Filipe
Por Jornal Fórum
Publicado em 27/11/2025 12:02
Opinião

António Filipe, Gaião Rodrigues, nasceu a 28 de janeiro de 1963. É uma figura bem conhecida da política nacional. Jurista de formação, com licenciatura em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, é mestre em Ciência Política, Cidadania e Governação pela Universidade Lusófona, além de doutorado em Direito Constitucional pela Universidade de Leiden. Foi e é deputado na Assembleia da República durante várias décadas pelas listas da CDU, representando o PCP. Além disso, desempenhou funções de destaque no parlamento. Com efeito, foi vice-presidente da Assembleia da República em várias legislaturas. Em termos de poder local, também foi deputado municipal na Amadora e ainda vereador na Câmara Municipal da Amadora e membro da Assembleia Municipal de Sintra. 

No PCP, António Filipe é, efetivamente, uma figura de peso. É membro do Comité Central do Partido desde 1992 o que é demonstra bem o seu envolvimento na estrutura partidária. Candidata-se agora à Presidência da República para as eleições de janeiro. Desde o anúncio oficial da entrada na corrida a Belém, António Filipe tem sublinhado que a sua candidatura não se limita a um quadro partidário. Quer disputar a eleição, com o objetivo de representar todos os cidadãos, numa lógica de função suprapartidária. Parece-me, porém, que a sua simbiose e ligação visceral ao PCP será praticamente impossível de afastar neste processo de candidatura. 

No que concerne à candidatura propriamente dita, António Filipe posiciona-se, obviamente, à esquerda do espectro político nacional, com grande e expectável ênfase na Constituição. Diria mesmo que a Constituição da República Portuguesa é o centro da sua candidatura, muito provavelmente por influência do seu percurso académico.  

No panorama das ideias, Filipe pretende uma presidência democrática, não autoritária, e enfatiza que não quer ser um presidente de “pulso forte”, mas alguém que respeite os limites que o cargo a que se candidata exige. Quanto à política externa, uma das questões mais sensíveis que lhe tem sido perguntada tem a ver com a questão do conflito entre Rússia e Ucrânia, pelo que Filipe defende a solução diplomática, alinhando-se assim com uma visão mais pacifista para a resolução do conflito, algo que tende a caracterizar ideologicamente a esquerda mais tradicional. 

Como pontos fortes, diria que a sua experiência e credibilidade institucional são determinantes, alicerçadas em décadas de carreira parlamentar, o que lhe garante uma considerável maturidade institucional e reputação de conhecimento profundo das instituições, patente no seu compromisso com a Constituição. É ideologicamente coerente e tem uma visão claramente institucional da presidência. 

No que alude aos pontos fracos, António Filipe peca na questão da identificação partidária, na medida que será sempre o “candidato comunista”, o que limitará os seus apoios e a abrangência da sua candidatura, e é um dos candidatos com menor mediatismo no espaço político nacional, o que lhe causará grande pressão política à medida que nos aproximamos do dia das eleições. 

Em suma, Filipe é visto como um político sério, institucional e intelectual. Quer unir democratas sob os valores constitucionais, sem abrir margem a confrontos radicais. Alia a tradição comunista com o institucionalismo democrático e é, sem dúvida um candidato completo e robusto, mas pouco mobilizador. Dificilmente ultrapassará o estigma partidário, pelo que adivinho uma candidatura de difícil êxito e que mais não será do que um posicionamento eleitoral do próprio PCP neste ato eleitoral. 

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